14 de julho de 2010

A vida, e seu conceito medíocre de sociologia.

A alguns dias eu estava comemorando meu aniversario, estava feliz por isso.
Recebi presentes e recebi cartas, tenho uma caixa com varias delas. Cartas de todos os tipos, cartas de varias pessoas e cartas que eu mesma escrevi; desabafos. Junto com as cartas havia um diário, no qual eu escrevi desde os meus oito anos de idade.
Fazia tempo que eu não o lia, e passei uma madrugada inteira fazendo isso. Viajei por um mundo de fantasia, um mundo incrivelmente belo, um mundo que eu havia me esquecido que um dia já fora o meu mundo.
Lembrei de pessoas que eram fundamentais para mim, pessoas que com o tempo e com distancia foram esquecidas.
Lembrei dos meus sonhos, e achei incrível o jeito que eu me referia a eles, eu falava com simplicidade, mas eu falava com amor e verdade.
Dei boas risadas, ri com os erros de ortografia e o jeito tolo de utilizar as palavras.
Mas também chorei. Chorei por saudade de um tempo em que os problemas eram apoucados, uma época em que baseava a vida em brincadeiras, uma época em que não me importava com nada, e era feliz por isso.
Pude perceber que mesmo após tantos anos, os meus medos continuam os mesmos, as minhas duvidas permanecem sem respostas, os meus dragões ainda não foram derrotados, e eu ainda sonho com o mesmo príncipe encantado. Percebi que eu continuo a mesma garotinha, mesmo tendo crescido, eu me sinto cada vez mais fraca.
Antes eu acreditava nos meus sonhos, eu acreditava que para voar bastava bater os pés, e assim o fazia, não tinha sucesso e permanecia no mesmo lugar, mas eu desconhecia a lei da gravidade e eu tentava mais uma vez.
Então eu fui colocada em uma escola e lá me disseram que elefante não pode ser cor de rosa, lá, jogaram todo o meu encanto contra mim, e transformaram minha criatividade em uma idéia padrão. Fizeram-me perguntas e me obrigaram a saber respostas. Ensinaram-me sobre sociologia, e me ensinaram a viver de acordo com as regras. Ensinaram que ter futuro é ter dinheiro, e ensinaram a valorizar o que não tem valor. Ensinaram que é preciso calar, obedecer e não questionar.
Agora eu pergunto: Quem criou tudo isso? E ninguém tem a resposta.
Criaram o certo e o errado, e de acordo com isso eu deveria respeitar os meus superiores. Nunca entendi o motivo de uma hierarquia, e não acho que por ser mais velha uma pessoa pode saber mais sobre a vida. Nunca entendi porque alguém pode me dizer o que fazer, já que os prazeres são relativos e o verdadeiro sentido da vida é se satisfizer.
Acho que eu gostava da minha ignorância, eu gostava de quando eu não sabia sobre a vida. Porque antes eu sabia que um pássaro era capaz de voar, e eu gostaria de ser um pássaro. Mas agora eu não sei do que eu sou capaz, eles nunca me ensinaram quem eu sou, ensinaram apenas, o que eu não posso ser.

2 comentários:

  1. Nossa isso foi simplesmente Uwwoou rs' Traduz exatamente o que todos vivem hoje! O só saber o que não poder ser e não saber exatamente quem éh!!! *-*

    Nota 10 bonequinha! ;D

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  2. u-a-u. você se superou mais uma vez ! era tão bom não saber a verdade, viver da nossa própria maneira, andar conforme nossas regras, não ter maldade no coração, e ser feliz! a vida ainda pode ser do jeito que agente quer !

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