2 de fevereiro de 2010

Mascaras

O ar está tão seco pela manhã, me sufoca, e o que me resta é a esperança depositada em cada raio de sol. Mas os dias longos terminam ainda pela tarde, quando as nuvens escurecem o céu e escondem minha luz. Sem ar e sem esperança, conformada de uma maneira espontânea, as dificuldades se tornam tão freqüentes que o corpo já adaptado não reage mais a isso. Torna-se uma situação estável, mas sei que poderia estar melhor.
Não encontro o erro, não sei nada sobre o incompleto. Mas minha intuição me diz que nada está nos seu devido lugar e a parte que me falta insiste em se ocultar.
Ainda estou caminhando, mas o desgaste me obriga a parar em cada estação. Vou lentamente e observando ao redor. Vejo aquele sorriso, e tento imaginar o que tem por trás dele. Vejo aquela mãe brigando com a criança e percebo que nem todo o tom autoritário representa força, nem todo sorriso felicidade.  Observei alguns textos meus, percebi que na maioria existe uma longa introdução. Creio não ter muita facilidade em ir direto ao ponto.
Vejo minha introdução como uma maneira de preparação. Ora acredito que seja pelo medo de não agüentar o impacto das verdades que constam em cada palavra diretamente descrita sobre mim. Ora acredito que é o contrario, creio que minha introdução seja para tornar minha mentira mais convincente.
É assim que estou acostumada a fazer diariamente.
São tantas mascaras. Tantas mentiras. São teatros que criamos para nós mesmos. Mas não sei bem quem eu quero manipular afinal, pois logo chega à noite e a solidão me envolve. O ar que já era pouco agora some, os olhos que envolviam estão cheio de lagrimas e o sorriso que cativava, está entre soluços. Sem ninguém para rir da minha fraqueza, sem ninguém para questionar. Eu sou minha única companhia e juro parar por ali. Estou disposta a seguir em frente, pronta a encontrar um estímulo essencial. Adormeço entre os prantos, e acordo ainda desiludida.
Estou disposta a ficar escondida entre o conforto do meu quarto, protegida de qualquer sofrimento ainda maior. Com vontade de viver sem mascaras e demonstrar as verdadeiras aflições. Lavo meu rosto, afasto de mim qualquer vestígio da noite anterior. Ando em direção a cozinha, pensando em como começar o desabafo. Olho para minha família ali reunida para o café da manhã e com um tom exageradamente empolgado a única frase que tenho coragem de dizer é ‘bom dia’.
Meu rosto novamente está com aquele sorriso artificial.
Sei que posso mudar isso, mas ainda não sei como fazê-lo.

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