18 de junho de 2011

Carta ao velho amigo.

Jr,
escrevo essa sem motivos certos, mas já que escrevo serei bastante clara; eu tenho pensado em você e não seria fraqueza assumir que estou com saudade.
São sete da manhã, segunda semana de primavera francesa, passei a noite em claro como tenho feito a algum tempo. Sou noturna, madrugadas silenciosas me inspiram e rendem ótimas crônicas, as quais são publicadas em um jornal local. Durmo pouco, sem horário determinado. Não tenho patrões nem regras, mas tenho a vida que me satisfaz. Não casei nem tenho filhos, não crio raízes e vivo como nômade. Sou do mundo para que ele aceite ser meu, e é. Viajo muito e provo de diversos sabores, mas nunca esqueci o seu. Sinto falta das nossas conversas. Ontem, enquanto eu tomava café nesse mesmo lugar que estou agora, um homem de muito charme atreveu-se a sentar ao meu lado, passamos o dia junto e ele ficou surpreso quando eu pedi que ele fosse embora antes de adormecer ao meu lado. Muitos criticam esse meu jeito de viver a vida, mas eu não tenho do que reclamar. Sem apego sem desilusões, pra me fazer companhia eu já tenho um labrador de estimação. Lembrei da sua mão, você tinha um jeito bastante único de me invadir o corpo e me descobrir por inteira. Lembrei do seu olhar, como um truque de hipnose você me roubava para o seu interior. Lembrei também do seu sorriso, eu nunca soube decifrá-lo ao certo, era a mistura do convite entre o mais doce e mais perigoso mundo. E eu nunca soube negar. É curioso ver em mim características que eu odiava em você. Eu costumava idealizar e acabei me tornando alguém bem diferente do planejado. Agora eu detesto planos.
Já ia me esquecendo do mais importante, eu me lembrei do que você disse na ultima vez que nos vimos, eu fiquei enfurecida e parti. Mas cresci, mudei. Não estou dizendo que não ficaria enfurecida, a diferença está no que faria depois.
Bem, eu aposto que você continua se aventurando em amizades eróticas e descompromissadas, espero que esteja bem, e feliz com tudo que tenha conquistado.
Durante as férias estarei no Brasil, podemos marcar um café, o que acha? É sempre bom ver velhos amigos.

Com muito carinho, da sua eterna, mas nunca sua.

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